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segunda-feira, junho 21, 2004

Já foste... 

Tenho saudades e ainda não partiste. Lamento que tenhas de ir tão cedo, que a vida não tenha querido reservar-te mais tempo aqui connosco. Fazes-nos falta! Vais fazer-nos muita falta!
Já não uso o perfume que enjoaste da primeira vez que adoeceste. Lembro-me que meses e mesmo anos depois ainda não suportavas o cheiro, por isso não uso.
Da primeira vez foi muito difícil mas até nos divertimos. Lembras-te dos chapéus do Liberty’s, do San Lourenzo, do Fado, do que nos divertimos no Hamleys, da American Express? Lembras-te de andarmos a “roubar” livrinhos no Marsden?
Consigo, apesar das circunstâncias, guardar desses momentos uma excelente recordação e julgo que tu também a terás. Não falámos muitas vezes sobre aqueles dias mas, passado um tempo, sempre que o assunto vinha não podíamos deixar de rir com os disparates. Parecíamos duas crianças a fazer asneiras longe da vista dos pais.
Agora estás aí e eu aqui sem poder ajudar-te. Sem poder dizer-te, pela última vez, que gosto muito de ti e que me fazes falta.
Sei que queres que apoie os miúdos. Que vá estando presente nos momentos importantes deles. Não prometo incondicional e seguramente que o faça, sabes que falho muito, mas prometo que vou estar mais presente do que tenho estado até agora.
Quando chegares lá acima vais olhar por nós, não vais? De lá, como puderes, vais orientar-nos aqui em baixo. Vais ser tão eficiente nessa missão como eras nas que tinhas aqui.
Um dia vou ter contigo e poremos estas conversas em dia. Temos tantas coisas penduradas para falar.
Hoje disseram-me que uma lágrima te correu pela cara. Ainda consegues sentir! Pergunto-me o que sentes, como sentes, o que esperas, como passam as tuas horas, se os meus pensamentos te chegam aí... pergunto-me tantas coisas.
Quando falámos pela última vez não podíamos adivinhar que nunca mais se repetia aquele momento. Não imaginámos que pudesse ser tão grave. Comparado com o que já tinhas passado, parecia coisa que vencerias sem dificuldade. E deu nisto! E como um mal não chegava veio outro. Às vezes não percebemos mesmo o porquê destas coisas mas deve haver uma boa razão. Neste aspecto acho que vais ter mais sorte, vais perceber antes de nós para que serve o sofrimento, esta coisa intrigante que não sabemos porque nos é dado conhecer.
Não te prendas connosco. Vai se chegou a hora. Não fiques por mais dias se isso for doloroso para ti. Deixa-te levar sem resistência. Nós ficaremos por cá a pensar em ti em todos os dias que vêm aí e, mesmo quando não já pensarmos todos os dias, vamos pensando de vez em quando até ao fim.
Já me fazes falta!

P.S.: passaram duas horas sobre o momento em que acabei de te escrever isto e recebi um telefonema...

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